Tuesday, November 29, 2005

Francisco Umbral


Hoje terminei o livro Mortal y rosa de Francisco Umbral, que achei um livro interessante. Sempre gostei de novelas líricas, ou não fosse Para sempre, de Vergílio Ferreira, um dos melhores livros de sempre nessa tradição. No entanto, o livro de Umbral peca por uma acutilância excessiva nas palavras, por vezes, até, artificial. Tem algumas metáforas bem conseguidas, do género visceral, e a roçar o escatológico, por vezes. O que apreciei, em particular, foi a estrutura completamente atípica do romance, em que o fio narrativo é conduzido pela invocação contínua de sonhos e recordações, paixões e tristezas- estas dominantes, já que a morte de um filho é o acontecimento chave da história. Já não gostei da apologia da primazia do poeta sobre o romancista, ideia defendida ao longo de todo o texto- poeta como "filtro" perfeito dos sentimentos em direcção ao papel-, pois é o próprio Umbral a afirmar no princípio do livro que só conseguiu suportar a vida, porque a viveu intensamente na literatura, como um todo. Mas, o eterno chavão de que uma pessoa recupera a infância perdida para sempre à medida que vê um filho a crescer continua válido e, mais que tudo isso, toca-me profundamente.

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