Sintra
E assim que se entra em Sintra e se respira o seu arvoredo, banha-nos o ar lavado de uma incerta memória do paraíso, de ninfas pelos bosques, de um tempo perdido de se ser em paz e natural. Então a grande liberdade que existe no fundo do nosso ser primitivo que a cidade entaipou com cimento sai-nos ao de cima e respira. E há o silêncio sagrado das matas espessas, dos altos túneis de sombra, das toalhas de luz nos espaços livres. Mas o que sobretudo nos atinge é um certo despojamento de nós, de tudo o que de lixo em nós se acumulou, do constrangimento, artifício, mesmo de ideias e saber nas camadas sobrepostas que nos oprimem o pensar. E ouve-se o apelo da aragem ao esquecer e sorrir. E a reconhecer em surpresa que a Natureza existe. E deitarmo-nos nela com toda a infância que tivermos...
Vergílio Ferreira
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