Olhar para o céu
Duas coisas enchem o espírito de admiração e de um temor que se renova e aumenta na proporção da frequência e da firmeza com que reflectimos sobre elas: o céu estrelado por cima de mim e a lei moral dentro de mim (...) A primeira visão de um multiplicidade incontável de mundos aniquila, por assim dizer, a minha importância enquanto criatura animal (...) A segunda, pelo contrário, eleva infinitamente a minha dignidade enquanto inteligência por meio da minha personalidade, na qual a lei moral revela uma vida independente da animalidade e até mesmo de todo o mundo dos sentidos.
Kant
Tem-se então que este ponto minúsculo do universo é capaz de competir com a imensidão do vasto espaço sideral, conferindo-lhe um sentido e uma ordem ética subjacente, o que constitui uma posição contrária à ética cristã, de submissão e humildade perante a grandeza desmesurada da existência. Esta centelha de lucidez e esperança - o ser humano- é então capaz de ser juiz e legislador, abdicando, insurrectamente, de todo o conselho divino, e, obedecendo à sua própria razão, funda o imperativo categórico, e atinge o ponto de vista do universo, que é o que qualquer ser humano pode atingir, na posse das suas faculdades e liberto de qualquer forma de opressão religiosa.
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