Um corpo despido
Gostava de observar o teu corpo despido de palavras. Nem que fossem as mais sublimes. A precariedade semântica que te envolve só reforça a intangibilidade que te é intrínseca. Para expressar o teu corpo um só substantivo. Talvez um verbo, que o animasse. Um adjectivo para qualificá-lo será talvez desconhecido. Na minha boca, ansiosa do teu sopro, soçobram palavras incoerentes, estúpidas e irrecuperáveis – acho que as palavras para vestir o teu corpo não são deste mundo. Quando o teu corpo vibra ouço um roçagar enervante; se ele está despido, será um roçagar de sonhos? Já me tinha esquecido que o amor é uma filigrana metafísica superlativa, que se excede na forma e no conteúdo. Por isso o teu corpo continua rodeado: das palavras mais exuberantes e desajustadas que eu consigo recordar…
1 Comments:
Podes não ter ficado totalmente satisfeito com o resultado final do texto, mas, na minha opinião, está muito bom.
Beijos
Fátima**
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