Sonhos II
Já várias vezes me questionei, e se é verosímil, a questão, de como pode o vazio preencher-me de forma tão completa, e, ao mesmo tempo, de forma tão insípida. Paradoxal? Não o creio. Ardem-se-me os olhos com o bafo desta realidade que vai ganhando consistência à medida que vou voltando dos solos de rancor por onde caminhei. É claro que ganha consistência com o vazio: ela é o remanescente; só sobram as suas formas, os seus cheiros, as suas arestas. Terminou a realidade adornada com as expectativas e, essas sim, não só preenchiam todas as lacunas como as extravasavam por completo, destruindo as fibras do verosímil, limitadas na mesquinhice do quotidano (será isto o sonho?); elas (as expectativas) projectavam-se como nuvens num horizonte crepuscular, para a frente, como castelos de fadas de todos os tons possíveis, pintados na tela dos sonhos.
1 Comments:
Para os descrentes..um poeta romântico inglês, Samuel Taylor Coleridge, escreveu:
"E se adormecesses? E se, no teu sono, sonhasses? E se, no teu sonho, subisses aos céus e ali colhesses uma estranha e bela flor? E ainda se, ao acordares, tivesses a flor na tua mão. Ah, como seria, então?"
T.
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